O CENTRO DE ASSISTÊNCIA PAROQUIAL DE AMORA (CAPA) ou PATRONATO, como é conhecido pelo povo de Amora – instituição pioneira na assistência social –, foi fundado pelo Padre Manuel Marques, pároco de Amora entre 1947 e 1954. Atento às dificuldades e necessidades dos habitantes de Amora, soube interpretar os seus anseios e organizou uma comissão para encontrar as respostas para os problemas mais prementes da população.
O Padre Manuel Marques nasceu a 23 de abril de 1921, na freguesia de Paialvo, concelho de Tomar. Frequentou os seminários de Santarém, Almada e Olivais entre 1933 e 1944. Foi ordenado sacerdote na Sé de Lisboa em 1944.
Foi fundador também do Diário da Paróquia, de Nossa Senhora do Monte Sião, que mais tarde foi transformado no jornal TRIBUNA DO POVO (1950-2007).
Foi pároco de Almada e professor de Religião e Moral na Escola Emídio Navarro, onde fundou o jornal de Almada (2ª Série) em 28 de novembro de 1954, exercendo também a função de seu diretor durante muitos anos.
Faleceu a 22 de fevereiro de 2007, aos 86 anos, tendo exercido também a função de Vigário Geral da Diocese de Setúbal.
Os Estatutos do Centro de Assistência Paroquial de Amora foram aprovados por Sua Exa. O Subsecretário da Assistência Social em 23 de outubro de 1952, publicados no Diário do Governo n.º 261, 3.ª série , 5 de novembro de 1952.
CAPITULO I
Artigo1º. Mediante iniciativa da Fábrica da Igreja Paroquial de Amora, autorizada pelo respetivo Ordinário, é criado, nos termos do art.º 454 do Código Administrativo aplicável por efeito do disposto da Concordata entre a Santa Sé e o Estado Português, o Centro de Assistência Paroquial de Amora, instituto de assistência material, educativa e moral aos necessitados da paróquia, quaisquer que sejam as suas crenças religiosas.
Artigo 2.º Para atingir plenamente os seus objetivos, o Centro de Assistência Paroquial de Amora poderá fundar e manter conforme as circunstâncias locais o exigirem ou justificarem:
“Passadas as crises de trabalho impostas sucessivamente pela política e pela falta de exportação da cortiça, por volta de 1950, a vida amorense regressava à normalidade.
As fábricas, em plena laboração, recebiam os rios de gente que, às 8 horas, afluíam aos portões, vindos de todas as direções. As ruas ficavam desertas e nas casas os velhos olhavam pelas crianças.
Por esse tempo, melhorava também a vida da população com o fornecimento de água ao domicílio e com a rede de esgotos.
Duas carências eram particularmente sentidas no setor social: as creches e os jardins-de-infância; a assistência à terceira idade.
A Mundet tinha modelado creche para os filhos dos seus trabalhadores. Mas havia, na Amora e em terras circunvizinhas, inúmeras crianças que precisavam de uma instituição semelhante. E nada existia para as crianças em idade escolar, para as quais também importava criar um espaço para a ocupação dos seus tempos livres, enquanto os pais estavam encerrados nas fábricas.
A Paróquia de Amora decidiu contribuir para a solução do problema da infância, sem olhar às dificuldades que iria encontrar e sem contar com a utopia de então, que era conseguir que as mulheres ficassem em casa a cuidar dos filhos.
O problema da terceira idade ficaria para depois.
A construção do edifício e a montagem do serviço demoraram dois longos anos, devido à falta de recursos. Foi preciso pedir tudo quanto ali se investiu: dinheiro para o terreno (“que ideia, a de construir naquele descampado!” – dizia-se então…) e para materiais e mão de obra, pedir projetos e apoio técnico.
E pedia-se a todos: aos patrões, porque era para bem dos seus trabalhadores; aos trabalhadores, porque interessava aos seus filhos; aos da Amora, porque era benefício para a terra; e aos de fora, porque era uma ajuda para gente pobre.
E vinham migalhinhas aqui e migalhas dali.
E o balanço, feito na reunião semanal dos mais empenhados, dava sempre novo ânimo. Como o resto do azeite da almotolia, que, por intercessão do profeta, ia chegando sempre para o alimento de cada dia, assim o dinheiro, caído aos pingos, ia dando para os gastos de cada semana.
Carregavam-se pinheiros dos pinhais distantes para a serração e madeiramentos preparados da serração para a obra; carregava-se areia da praia para o cimento. Abriam-se bolhas nas mãos de voluntários não habituados com a pá e a enxada – mesmo perante a observação indiferente de alguns, que não viam o alcance da obra.
Acontecimentos posteriores mostravam que se andou no caminho certo. Na verdade, ainda muito antes da Revolução de Abril, começaram a aparecer creches e jardins-de-infância em muitas terras, quase sempre por iniciativa e esforço das paróquias.
O Centro de Assistência Paroquial de Amora começou a funcionar plenamente em outubro de 1954. E cremos que o seu rendimento é altamente positivo. Os amorenses de 25 anos que trabalharam por esta obra e os de fora, que foram em sua ajuda, têm razões de sobra para se sentirem contentes, em virtude de terem contribuído para um benefício de interesse coletivo.”
Padre Manuel Marques.
(Texto apresentado por ocasião dos 25 anos da Instituição)
CAPA é uma instituição que transforma realidades por meio de uma solidariedade verdadeira. Nós trabalhamos para oferecer apoio e oportunidades que reafirmam a dignidade de cada pessoa, criando caminhos concretos para um futuro mais digno e sustentável.
R. Dr. Emídio Guilherme Garcia Mendes 17, 2845-481 Amora
212 278 073